16.8.10

Novos exames e início do tratamento

Tínhamos agora dois dias pra fazermos os novos exames pedidos por Sasse e pela clínica de fertilização:
- tomografia do tórax (para verificar se ocorreram metástases no pulmão);
- exame de sangue para verificar os indicadores tumorais;
- hemograma completo para verificar a imunidade do corpo;
- e exames para verificar as DSTs para a clínica.
E assim fizemos, além de comunicarmos o trabalho, os amigos e família. Compramos até um sofá novo, para que ele tivesse mais conforto nos dias de tratamento, cortamos o cabelo baixinho para que pesasse menos e desacelerasse a queda, compramos bonés e outros adereços para a cabeça e fizemos uma boa comprinha de muita comida saudável.
Nesse meio-tempo, recebemos o orçamento da clínica de oncologia e resolvemos começar o tratamento particular, já que os valores que nos foram repassados por telefone pareciam-nos possíveis. Agora, era só aguardar a segunda-feira (26/7/10) e começar o tratamento.



Primeiras consequências

Ainda em nossa consulta com Sasse, uma de nossas dúvidas era em relação às consequencias que um tratamento quimioterápico causa no organismo. Uma delas é a esterilidade. Assim, o questionamos sobre isso e ele realmente nos disse que um terço dos pacientes ficam estéries permanentemente, então nos indicou um clínica de fertilização, a qual tivemos que procurar naquela mesma tarde (21/7/10), pois o congelamento do sêmen tem que ser feito antes do início do tratamento quimioterápico.  

Oncologistas e Veredictos

Na quarta (21/7/10), chegamos cedo. Estávamos bem animados. Com um espírito até bem diferente das pessoas que ali estavam. E como estava cheio de gente aquele dia. Quando fomos atendidos, de cara, o médico nos disse que aquela não era sua especialidade, mas que havia outro médico na sala ao lado que poderia nos ajudar, pois era "o papa" - palavras dele - dessa especialidade. Tivemos então que aguardar até às13 da tarde (chegamos por volta das 8:15), porque além de ter a agenda cheinha, ele ainda estava cobrindo as férias de um outro médico, mas tudo bem, não ligamos, pelo menos, sabíamos que estaríamos em ótimas mãos. Quando ele nos atendeu, foi bastante atencioso, já tinha visto todos os exames e nos disse que realmente se trava de um tumor maligno que, infelizmente, havia migrado para outras regiões - os linfonodos - e que o mais preocupante era aquele que estava com 3,1 cm, mesmo assim o caso poderia ser considerado de baixo risco, mesmo que houvesse outras migrações ainda não detectadas - como no pulmão, porque os indicadores tumorais ainda estavam baixos.
Para esse caso específico, o tratamento seria realmente a quimioterapia. Esta seria constituída de três ciclos com o protocolo PEB (Bleomicina, Etoposida, Cisplatina) e cada ciclo é constituído de três semanas. Na primeira semana, ele faria sessões todos os dias, tomando os três medicamentos na segunda-feira e nos quatro dias restantes tomando apenas a Bleomiocina e a Cisplatina, já na segunda semana tomaria apenas a Bleomicina na segunda-feira. Todos os medicamentos seriam ministrados via venal. Sasse nos disse também que o Le teria que se afastar do trabalho, já que o corpo ficaria bem debilitado, e ele não conseguiria trabalhar normalmente. Essa notícia nos deixou um tanto surpresos, porque esperávamos que ele conseguisse trabalhar - inocentes.
Em relação ao custo do tratamento, nosso plano médico ainda estava num período de carência em relação à quimioterapia, de modo que precisaríamos saber o valor do tratamento, para verificarmos se teríamos condições de pagar normalmente, ou se precisaríamos pedir o encaminhamento para um hospital público. A clínica ficaria de nos passar os valores ainda naquela tarde para decidirmos. Porém, para o encaminhamento, ele teria de verificar o dia possível e talvez não pudesse começar na próxima segunda  (26/7), já para o tratamento particular, poderíamos começar na segunda, o que, segundo, o médico seria o caminho ideal.

Retorno e Encaminhamento

Bem, nosso retorno ao urologista foi tranquilo. Ele nos informou apenas aquilo que já sabíamos. Na verdade, acho que de tanto estudarmos, já sabíamos até mais do que ele, afinal, o fato de o tumor ter migrado saía de sua especialidade. Bom, ele nos disse que deveríamos nos dirigir a um oncologista e nos deu a indicação de uma clínica, mas quando ligamos para essa indicação, descobrimos que ele não mais atendia ali e nem em outros inúmeros lugares para os quais ligávamos. Fiz então uma pesquisa mais minuciosa sobre oncologistas, encontramos alguns e também soubemos que havia um problema entre a Unimed e as clínicas de oncologia de Campinas (Informe da Unimed - Esclarecimento das clínicas sobre a Unimed Campinas) para nos "ajudar". Encontramos então o nome do médico André D. Sasse, que apresentava todas as qualificações que procurávamos e nos dirigimos a clínica para marcar uma consulta. Lá, ficamos sabendo que este médico não mais atendia pela Unimed há menos de uma semana e marcamos com um outro oncologista clínico para a próxima quarta-feira (21/7/10).




7.8.10

Resultados dos exames pós-cirúrgicos

Passamos a primeira semana de férias em Limeira e retornamos para Campinas na segunda (5/7/10) para fazermos a tomografia, colhermos o exame de sangue e retirarmos o resultado do exame patológico. E assim foi. De manhãzinha, fizemos a tomografia. É um exame um tanto desconfortável, pois é preciso ingerir um líquido para deixar a bexiga cheia de modo que ela possa ser visualizada e o Le teve que tomá-lo durante uns quarenta minutos, em seguida ele foi para a máquina e lá também eles inseriram um outro líquido (o contraste) diretamente no sistema sanguíneo. Foi complicado porque as veiazinhas dele fogem das agulhas, mas, por fim, foi feito.
Saindo dali, passamos no hospital onde fora feita a cirurgia para retirarmos o resultado do tumor. Abrimos o resultado ali mesmo e não entendemos muito bem do que se tratava, pois havia vários termos os quais não conhecíamos, então ao mesmo tempo em que dizia que era uma 'neoplasia maligna' o que nos deixava mais aflitos, também dizia que não havia sinais do tumor em alguns vasos e canais próximos da região, o que nos deixava esperançosos, porque poderia indicar que não havia ocorrido migração para alguma outra região do corpo. Soubemos também que o tumor era misto, ou seja, constituído de células diferentes  (80% de teratoma maduro, 10% de carcinoma embrionário e 10% de tumor do saco vitelínico) só também não sabíamos dizer o que isso significava. Ficamos preocupados, até porque fiz algumas pesquisas durante a tarde que não eram muito otimistas, mas tinha esperança de que não houvesse migração. Ele também estava um tanto preocupado de modo que até fui sozinha retirar o resultado da tomografia.
Minha ansiedade foi tamanha que, assim que entrei no carro, já abri o resultado e não foi nada fácil ler a conclusão do laudo: Linfonodos aumentados no retroperitôneo (um estava com 3,1 cm, o segundo com 1,2 cm, o terceiro com 1,2 cm e o quarto com 1,5 cm - sendo que o deveriam ter, no máximo, 1 cm). Tentamos marcar a consulta para a terça-feira mesmo, mas como era uma semana de feriado, o médico estava viajando, restou-nos apenas fazer os exames de sangue, naquele dia, e esperar. Assim que o resultado ficou pronto, percebemos que o AFP havia baixado de 68,99 para 1,78, encontrando-se agora dentro dos padrões normais (pode ter até 7). Contudo, o DHL agora estava um pouco acima do normal. Subiu de 466.0, do primeiro exame para 520.0 no segundo e deveria ter no máximo 480. 
Com todas essas informações em mãos restava agora esperar pelo médico.





1.8.10

Cirurgia

Enfim a consulta chegou (por volta de dez dias depois dos exames, uma segunda-feira). 
A ultrasonografia apontava uma aparência nodular por toda a extensão do órgão e dentre os indicadores tumorais o AFP apresentava uma alteração mais agravante (deveria estar na faixa de 1 a 7, e estava em torno de 68). Desse modo, o médico nos comunicou que poderia já diagnosticar o problema como um tumor, com quase 100% de certeza, mas para que pudesse fazer afirmações mais categóricas, precisaria de um exame do tecido do tumor. De qualquer maneira, o passo seguinte seria a extração completa do órgão, por meio de uma cirurgia denominada Orquiectomia Radical, e era importante que ela fosse feita o quanto antes, para que não houvesse a possibilidade de qualquer migração, se esta não tivesse ocorrido ainda. Assim procedemos e a cirurgia foi feita com sucesso. É relativamente simples. Foi feita no dia 2 de junho, véspera de feriado. O Le entrou no centro cirúrgico às 17h, às 19 h já estava de volta ao quarto e às 23h já estava de alta. É claro que ela debilita um pouco o corpo, mas na segunda seguinte ele já estava bem disposto. Agora, era só aguardar a recuperação dele e esperar mais 15 dias para poder refazer os exames de sangue novamente, mais os novos exames que seriam:
- o exame patológico do tumor extraído (para determinar o tipo de tumor) e
- a tomografia da bacia e do abdome (para verificar se houve migração para esta região - a primeira possibilidade de metástase*)




*Metástase é o termo utilizado em oncologia para designar a instalação de um ou mais focos do tumor distantes do local em que ele se originou (stasis = parar; meta = longe, distante).

E voltam os sintomas

Primeiramente, só vale lembrar que a sensação de que algo não tinha voltado ao normal permaneceu durante todo o ano de 2009 e início de 2010, mas como não havia dor ou outra espécie de sintoma, achamos que se tratava de apenas uma cisma. Até que, em maio deste ano, precisamente na quinta-feira antes do dia das mães, ele sentiu novamente a dor e o inchaço e a vermelhidão voltou a aparecer.
Dessa vez, ficamos mais temerosos e decidimos procurar logo de cara um especialista. Já na sexta-feira, conseguimos marcar uma consulta para a segunda e lá fomos nós.
O médico primeiro examinou a região, mas apesar de apontar alguns caminhos, não poderia nos dar qualquer diagnóstico sem alguns exames. Tivemos que fazer então um exame de sangue (para os indicadores tumorais, AFP, ß-hCG e DHL) e uma tomografia testicular ainda naquela mesma semana.
Como os exames ficaram prontos a disponíveis para nós, tentamos nos informar por meio de alguns sites confiáveis, tentando sempre cruzar a informação de um e outro e buscando estudar mesmo tudo o que podíamos para sabermos o que poderia ser. Vários caminhos nos apontavam para o tumor, mas mesmo assim, não poderíamos saber de que tipo era e muito menos se tudo o que víamos era verdade, sem o aval do médico.
Assim, é claro que vale a pesquisa para nos informarmos melhor e a recomendamos, mas nada substitui a palavra do especialista.

Começo de tudo

Baum... tudo começou em 2009, em Janeiro. Não nos lembramos exatamente o dia. Só sabemos que foi num final de semana em que minha irmã e meu cunhado estavam posando aqui em casa. Enquanto caminhávamos pelo centro da cidade, o Le reclamou de um dor na região afetada. Na semana seguinte, procuramos um clínico geral para verificar qual o problema. Ele solicitou alguns exames de sangue que pareceram normais e receitou um ant-iinflamatório e um antibiótico. Nas semanas seguintes, a dor, o inchaço e a vermelhidão passaram, e acreditamos ter ficado tudo bem. Nem nos preocupamos em procurar algum especialista, mesmo ainda tendo ficado um aspecto não habitual para a região.


Mi e Le